Era um dia como o de hoje. Um dia estático. Nada, absolutamente nada, marcava o tempo. O ar era de neblina branca que gotejara a janela em pingos precisamente iguais. Gotas redondas com gotas redondas que não formavam desenho algum. Não havia vento e parecia não haver sequer gravidade, pois as gotas que eram gotas gordas permaneciam coladas à superfície lisa e fina da janela. Olhara pra fora e não havia nada além de uma negra bola refletida no vidro fino que de tão fino era contaminado pelo branco estático da neblina branca que desenhava a paisagem sem horizonte.
Era um dia plano. O olho preto fixava-se ao único elemento de possível dinâmica: seu próprio reflexo na janela. A bola preta contemplava a bola preta com a esperança ingênua de que sua concentração estática deslocaria a própria imagem pra uma realidade muito mais fluida e móvel. Pobre olho desejante que desejava enxergar além.
Não havia pisco. Não havia lágrima. Não havia nada que não fosse a circunferência negra envolta em espessa névoa branca. Havia o contraste em branco e preto e, talvez esse contraste, motivasse a esperança de que num salto súbito o dia todo plano e estático despencaria, degrau por degrau, do ilustre pedestal em que o garoto de olhos negros havia ingenuamente se colocado.
A esperança toda por um fio. Um suspiro preso no por vir. A vida toda acontecendo em um futuro suspenso por um presente preguiçoso que se recusa a todo custo a virar passado.
Tips Cara Merawat Wajah agar Maksimal
Há 8 anos
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